"O psicólogo americano Daniel Goleman lista cinco características de inteligência emocional que fazem a diferença no perfil de um líder: autoconhecimento, controle emocional, automotivação, reconhecimento das emoções em outras pessoas e bom relacionamento interpessoal", diz o conselheiro do Instituto de Formação de Líderes de São Paulo (IFL-SP), Joseph Teperman.
Segundo ele, líderes populistas e carismáticos chamam mais a atenção das pessoas. "Ocorre que, normalmente, esses são justamente os com baixa inteligência emocional, egocêntricos e que não alinham as pessoas para uma causa maior."
Teperman afirma que gerenciar e liderar são atitudes igualmente importantes, mas muito diferentes uma da outra.
"O bom gerenciamento traz consistência para a qualidade e a rentabilidade do negócio. Já a liderança está ligada a lidar com mudanças e imprevistos. A importância do líder é cada vez maior, porque o mundo está mais competitivo e volátil", diz.
Diretor adjunto de gente & gestão da transportadora RTE Rodonaves, Oswaldo Brison Maia diz que desde a sua fundação, a empresa cultiva a cultura de que os executivos não estão acima dos demais trabalhadores da companhia.
"Nosso presidente, João Braz Naves, sempre reforça que devemos pedir que um colaborador faça uma atividade e não ordenar. A empresa possui um organograma, mas as posições hierárquicas são apenas uma forma de organização institucional", conta.
Maia considera que os líderes devem entender e analisar as críticas para que elas o guiem ao crescimento. "Um ponto crucial é não deixar que o excesso de autoconfiança e o egocentrismo levem o executivo a ignorar as críticas ou sugestões, pois isso coloca em risco o cumprimento dos objetivos da empresa."
Futuro. A Enactus, ONG global presente em 36 países, atua com o objetivo de contribuir para a formação de lideranças. "Preparamos jovens universitários para serem futuros líderes executivos, líderes empreendedores ou líderes comunitários", diz o presidente da Enactus Brasil, Kleber de Paulo.
"Nós desafiamos os jovens a criar e implantar projetos em comunidades, com o objetivo de melhorar a vida dos moradores. Queremos que eles saiam do mundo virtual e enfrentem o mundo real. Durante esse processo, eles são incentivados a desenvolver uma rede de relacionamento e a trabalhar em equipe. Reforçamos continuamente a necessidade de que eles sejam pessoas corretas, honestas e leais", afirma.
De acordo com ele, líderes que se acham `o rei da cocada’ acabam desaparecendo. "As pessoas têm de ser corretas em tempo integral e não apenas ter a imagem de corretas. Assim como não existe uma mulher ligeiramente grávida, não existe um líder ligeiramente ético."
De Paulo acredita que o ser humano é bom por natureza. "As pessoas que abusam da confiança nelas depositada têm história curta, mas fazem barulho, chamam a atenção. O risco é que alguns achem que esse é um modelo correto de comportamento."
A Enactus tem parceria com 105 universidades brasileiras e 2,5 mil alunos participantes. No mundo, são mais de 1,7 mil universidades parceiras e 70 mil alunos realizando projetos.